José Rodrigo Rodriguez

A assassina

In Poemas para mim mesmo on 31/08/2010 at 4:42

O seu filho está morto
no fundo da privada,
meu amor esconde o rosto
quando me vê chegar
no alto da alameda.

Meias de seda novas
para conter seu asco
brilho nos lábios, doce,
pinto as unhas dos pés:
hoje eu matei seu filho

e seu sangue me alimenta.

Uma assassina de vestido
longo, não ouço mais aquelas
mesmas vozes, seu filho
acena antes de submergir
e me despeço dele com saudade

do que teria sido: elementar.

Eu matei seu filho, seu sangue
tinge o meu vestido longo,
eu matei seu filho, eu não
mereço que se diga nada,

eu matei seu filho, seu ódio
será para sempre eterno: eu
matei seu filho, venha dizer
adeus: vai ter que ser agora.

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